Documento organizado pelo Instituto Terroá a partir das discussões ocorridas no Ciclo de Debates, realizado pela rede multissetorial Diálogos Pró-Açaí, pretende inspirar o desenvolvimento de soluções criativas para o setor.

A rede multissetorial Diálogos Pró-Açaí torna público hoje, 14 de janeiro, relatório organizado pelo Instituto Terroá com os resultados das discussões realizadas de março a junho de 2021 durante o Ciclo de Debates: “Riscos e Recomendações na Cadeia de Valor do Açaí”. O documento está disponível para download. A expectativa dos autores é a de que o relatório contribua com a promoção e o fortalecimento das políticas públicas existentes, além de apontar caminhos para a construção de alternativas aos desafios atuais.

O Ciclo de Debates buscou fomentar a discussão qualificada sobre a cadeia de valor do açaí junto aos membros da rede e convidados. Durante os encontros, realizados virtualmente devido à pandemia de Covid-19, foi possível mapear iniciativas e projetos que atuam para solucionar os problemas da cadeia, o que deve permitir a elaboração de recomendações para o desenvolvimento justo e sustentável do setor. O ciclo foi uma iniciativa dos Grupos de Trabalho “Governança e Gestão da Informação” e “Padrões de Sustentabilidade” e ocorreu em formato de seminários temáticos, sendo o primeiro voltado para a discussão sobre “Produção e manejo”, o segundo “Beneficiamento e industrialização” e o terceiro “Comercialização e acesso a mercado”. Os encontros estão disponíveis no canal do Instituto Terroá no YouTube.

A organização do ciclo buscou diferentes vozes que compõem a cadeia de valor do açaí para participar das discussões. O objetivo foi garantir que diferentes aspectos fossem contemplados, tais como sustentabilidade, rastreabilidade, boas práticas de coleta e manejo e gestão organizacional de empreendimentos comunitários, além de questões referentes à comercialização, ao acesso a mercados e exportação, aos dados e informações da cadeia, assim como a aspectos tributários e de organização setorial.


Seminários

Durante o primeiro seminário, os palestrantes destacaram os aspectos relativos à produção e manejo do açaí, com a participação do poder público, representado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que apresentou resultados e informações acerca do projeto “MANEJAÍ: Centro de Referência em Manejo de Açaizais Nativos do Marajó (PA)”, que fomenta o manejo de açaizais nativos na Amazônia. Os presidentes das cooperativas COFRUTA e Sementes do Marajó representaram os produtores e destacaram em suas falas a temática da segurança no trabalho, o manejo dos açaízais e as certificações.

O segundo seminário trouxe para o centro das discussões as adequações às normas sanitárias para as agroindústrias de açaí, apontadas como um dos principais gargalos do setor. Para compreender o cenário, os palestrantes apresentaram as ações em curso para facilitação da regularização sanitária. Além disso, foram debatidas as iniciativas para o reaproveitamento de resíduos do açaí. 

O terceiro e último seminário destacou os entraves e potencialidades para o comércio do açaí nos mercados nacional e internacional, e contou com a presença de consultor empresarial para dirimir as dúvidas. O principal gargalo é o aumento do volume de produção de frutos, não somente para a produção de polpa, mas também para a fabricação de outros itens. A questão da produção de frutos gera forte pressão na cadeia produtiva, o que resulta em aumento significativo dos preços de comercialização. O ponto nevrálgico dessa discussão são os desafios para que esta produção seja, de fato, sustentável. Nesse encontro, a Associação dos Moradores e Produtores Rurais de Nazarezinho do Meruú (Amprunam) apresentou a experiência que possui com a comercialização do açaí e as certificações.

 

Riscos mapeados durante o Ciclo de Debates

O relatório compila os principais riscos do setor destacados durante os seminários. Os riscos apontados como transversais foram os seguintes: baixo nível de informação sobre a cadeia; desigualdade de gênero; insegurança fundiária; baixo nível de adesão a padrões de sustentabilidade; baixo nível de maturidade de gestão organizacional de empreendimentos comunitários; e o descarte inadequado dos resíduos do beneficiamento do fruto. 

Sobre os sistemas de rastreabilidade, os presentes pontuaram que estes são insuficientes; já em relação à produção, a “açaízação” (intensificação dos açaizais em áreas de várzea, com eliminação de outras espécies para priorizar o açaizeiro) é um ponto de alerta, assim como a expansão de monocultura; o trabalho infantil; as relações informais de trabalho; a insegurança na atividade; condições inadequadas de transporte; o comércio injusto em algumas relações entre comunidades e compradores; a Doença de Chagas; e as dificuldade de negócios comunitários acessarem mercados institucionais.

 

Diálogos Pró-Açaí

A iniciativa “Diálogos Pró-Açaí” teve origem em 2018, durante a realização do projeto “Mercados Verdes e Consumo Sustentável”, parceria entre o MAPA e a GIZ, e se mantém em interlocução contínua desde então. Atualmente, suas atividades são facilitadas pelo Instituto Terroá, e diversas organizações parceiras têm apoiado a iniciativa, como o IPAM Amazônia, a Plataforma Brasileira de Normas Voluntárias de Sustentabilidade, por meio do INMETRO, o WWF-Brasil, o Projeto Private Business Action for Biodiversity (PBAB/GIZ), o Projeto Cadeias de Valor Sustentáveis (ICMBIO/US Forest Service), o Instituto Conexsus e o Projeto Bem Diverso (EMBRAPA/ PNUD/GEF), assim como diferentes empresas e cooperativas do setor.

Esta ação, implementada pelo Instituto Terroá, teve apoio do projeto Bioeconomia e Cadeias de Valor, desenvolvido no âmbito da Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da parceria entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, com apoio do Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha.

 

Serviço

Para acessar o relatório na íntegra, acesse: http://blog.institutoterroa.org/wp-content/uploads/2022/01/Relatorio-Ciclo-de-Debates_Dialogos-Pro-Acai_2021-2.pdf

Para saber mais sobre as ações do projeto, acesse: http://blog.institutoterroa.org/dialogosproacai

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