Agendas em andamento e caminhos futuros são debatidos no último Webinário dos Diálogos Pró Açaí
No dia 10 de dezembro de 2020, foi realizado o Webinário “Diálogos Pró-Açaí: Agendas em andamento & Caminhos Futuros”, o qual reuniu 70 atores que fazem parte desta importante cadeia de valor. O evento, facilitado pelo Instituto Terroá, teve três eixos principais, iniciando-se com apresentações que trouxeram aspectos técnicos da cadeia, bem como a sua importância para a manutenção da floresta em pé. Após, foram apresentados os impactos da pandemia no setor, por meio da perspectiva de produtores e do setor empresarial. No eixo seguinte, foram apresentadas as agendas realizadas internamente, bem como as expectativas para o próximo ano dos GTs Governança e Gestão da Informação e GT Padrões de Sustentabilidade. Também foram discutidas as possibilidades futuras para o desenvolvimento da cadeia do açaí. Por fim, foi realizado um debate entre os participantes.
Por meio da provocação “Como de fato promover uma cadeia de açaí mais justa, próspera e sustentável?”, o diretor de projetos do Instituto Terroá, Luís Fernando Iozzi, abriu o evento, apresentando o histórico e o andamento das atividades da inciativa Diálogos Pró Açaí.
Na sequência, o pesquisador Hérve Rogez (UFPA) abordou um conjunto de aspectos que evidenciam o potencial do açaí para além da indústria alimentícia, trazendo elementos da sua utilização junto ao ramo farmacêutico, de cosméticos e biotecnológico, bem como o crescimento do interesse pelo fruto no mercado consumidor. “Voltamos aos conceitos de uma economia muito mais fundamentada sobre uma alimentação correta, não só correta nos conceitos de nutrição, mas também em relação à bioeconomia, ambientalmente correta”, destacou o pesquisador.
O evento também contou com a presença do professor e cientista Carlos Nobre (INPE; IEA/USP), o qual explanou sobre o enorme potencial da bioeconomia da floresta em pé, sendo a cadeia do açaí um importante exemplo. A partir da contextualização de que o modelo de desenvolvimento econômico implementado na Amazônia subutiliza a sua real capacidade associada à bioeconomia e à conservação da biodiversidade, ele destacou: “O açaí é a principal prova de que o potencial econômico dos produtos da floresta em pé, de sistemas agroflorestais, é muito superior a um outro tipo de economia da Amazônia”. O professor também apresentou em linhas gerais o projeto Amazônia 4.0, que objetiva, entre outros fatores, agregar valor aos produtos da sociobiodiversidadeda região amazônica.
O segundo bloco do evento foi dedicado aos debates dos impactos da pandemia da Covid-19 na cadeia do açaí. As falas foram iniciadas pelo pesquisador da Embrapa, Anderson Sevilha, coordenador nacional do Projeto Bem Diverso, que apresentou um panorama geral do projeto. Na sequência, os extrativistas Gracionice e Teófro, residentes do Marajó (PA), trouxeram os desafios da comercialização do açaí no momento da pandemia. “Grande parte das safras dos produtos foi perdida pela falta da oportunidade de mercado com a Covid–19. Isso trouxe também um impacto econômico na vida das pessoas”, comentou Gracionice. Cassio Braga, presidente da COOPPROJIRAU, também apresentou os impactos para os produtores da cooperativa, mencionando o delicado momento no qual a produção teve de ser paralisada devido ao fechamento dos mercados consumidores localizados no sudeste do país. Por fim, Carlos Brito, Diretor Superintendente de Operações da Frooty, trouxe os desafios impostos pela pandemia para o setor empresarial, principalmente com relação às diversas incertezas do mercado.
O terceiro bloco do evento foi dedicado às apresentações das ações realizadas e planejamento futuro pelos grupos de trabalhos existentes no Diálogos Pró Açaí. O GT Governança e Gestão da Informação foi apresentado por Dolores Brito (INMETRO), por meio do qual ela demonstrou o trabalho que vem sendo realizado, de integração junto a órgãos estratégicos, como IBGE e MAPA, para potencializar a qualidade e quantidade de dados e informações da cadeia do açaí. Após, Daniela Vilela (FSC Brasil) relatou as atividades que vêm sendo desenvolvidas no âmbito do GT Padrões de Sustentabilidade, com destaque para o diálogo entre os diferentes padrões de certificação que têm atuado na cadeia do açaí. As expectativas para o próximo ano estão em torno da construção coletiva de um documento relacionado aos riscos presentes na cadeia de valor do açaí. Por fim, compondo este último bloco, Tatiana Balzon, assessora técnica da GIZ, apresentou a agenda de projetos para o próximo triênio (2021 – 2023) com a temática Bioeconomia e Cadeia de Valor. Com foco na atuação junto a cooperativas e associações, a organização objetiva ampliar e qualificar os produtos da bioeconomia nas cadeias do açaí, castanha e cacau, inicialmente. Posteriormente, foi iniciada uma sessão de debate, -na qual interessantes questionamentos foram feitos, entre eles “Como podemos pensar em um processo [produtivo] inclusivo e de construção inclusiva?”.
Ao final, Luís Fernando Iozzi, diretor de projetos do Instituto Terroá, apresentou a agenda e perspectivas futuras para a iniciativa Diálogos Pró-Açaí, finalizando com a provocação inspirada na fala de Anderson Sevilha “Bioeconomia só é bioeconomia de fato, e consequentemente carregando a cadeia do açaí, se ela for verdadeiramente inclusiva, verdadeiramente justa e verdadeiramente sustentável e democrática”.
Confira os diálogos do Webinário “Diálogos Pró-Açaí: Agendas em andamento & Caminhos Futuros” – disponível na íntegra em nosso canal do Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=Umn-F3t3zUA&list=PL8ytTIo3gjuyPNOI0GCr5t_2IZOjXx4lX
Diálogos Pró Açaí
A iniciativa “Diálogos Pró Açaí” teve origem no “Projeto Mercados Verdes e Consumo Sustentável”, parceria entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ), e se mantêm em interlocução contínua. Atualmente suas atividades têm sido facilitadas pelo Instituto Terroá. Diversas organizações são parceiras e tem apoiado a iniciativa, como IPAM Amazônia, Plataforma Brasileira de Normas Voluntárias de Sustentabilidade, por meio do INMETRO, WWF-Brasil, Projeto Private Business Action for Biodiversity (PBAB/GIZ), Projeto Cadeias de Valor Sustentáveis (ICMBIO/US Forest Service), Instituto Conexsus, Projeto Bem Diverso (EMBRAPA/ PNUD/GEF), assim como empresas e e cooperativas diversas.
Para conhecer mais sobre essa iniciativa, acesse: http://blog.institutoterroa.org/dialogosproacai/