Instituto Terroá promove boas práticas de açaí em campo e discute experiências em eventos científicos
Em eventos realizados no último mês do ano, representantes da organização apresentaram as ações realizadas em parceria com populações agroextrativistas do Beira Amazonas e do arquipélago do Bailique (AP) e os conhecimentos desenvolvidos a partir delas.
Disseminar dados, informações, resultados e conhecimentos técnicos e científicos para as principais partes interessadas da cadeia do açaí. Essa é uma das frentes de trabalho por meio das quais o Instituto Terroá atua e se engaja em ações voltadas para o aprimoramento de informações sobre a sustentabilidade de cadeias de valor em seus diferentes aspectos. Nesse sentido, o Instituto Terroá levou representantes da organização a dois eventos ocorridos em dezembro: o XII Congresso Brasileiro de SAF, organizado pela Sociedade Brasileira de Sistemas Agroflorestais (SBSAF) e pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP), e a Conferência de Pesquisas sobre “Sustentabilidade em cadeias de valor globais”, realizada pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) e parceiros.
O Terroá acredita que o conhecimento compartilhado entre diferentes atores do setor e a disseminação da produção científica elaborada a partir das experiências oriundas dessas relações – que incluem cooperativas, associações, empresas, poder público e terceiro setor – podem fortalecer, do ponto de vista organizacional, a cadeia do açaí e abrir caminhos para mercados diferenciados.
Para o instituto, é por meio da articulação entre apoio, fomento e aplicação de boas práticas e a circulação do conhecimento produzido nessa relação que será possível instituir redes de aprendizagem, pesquisa e inovação entre profissionais e organizações de ensino no âmbito da bioeconomia.
Sistemas Agroflorestais (SAFs)
O XII Congresso Brasileiro de SAF foi realizado em formato online em virtude dos protocolos de segurança e prevenção à Covid-19. Com o tema “Conciliando pessoas e evoluindo paradigmas”, o evento levou para o centro de discussões os principais avanços científicos, as iniciativas e as experiências exitosas, as oportunidades e as dificuldades enfrentadas por agricultores e profissionais que atuam na área, tanto no Brasil como no exterior.
Renata Guerreiro, coordenadora de projetos do Instituto Terroá, participou como debatedora do “Encontro das Partes / Conexão Produtor – Consumidor”, junto com parceiros da iniciativa Diálogos Pró-Açaí: Amiraldo Picanço, do Amapá (presidente da Amazonbai, Cooperativa de Produtores Agroextrativistas do Bailique e Beira Amazonas), e Anderson Sevilha, pesquisador da Embrapa e coordenador do Projeto Bem Diverso (EMBRAPA/PNUD/GEF). O espaço recebeu, ainda, representantes da Conexus e da Natura. Na ocasião, o grupo apresentou a iniciativa multissetorial Diálogos Pró-Açaí e tratou especialmente sobre a conexão da produção ao consumo final do fruto, a partir das experiências em curso vivenciadas, das oportunidades e desafios presentes no contexto amazônico.
A mesa-redonda possibilitou um aprofundamento entre seus participantes e convidados sobre os caminhos a serem trilhados para que a sustentabilidade, em seus diferentes eixos, possa ser o pilar para a execução de projetos voltados para a agricultura familiar, na promoção e fortalecimento das relações campo-cidade, produtor e consumidor final. Durante o debate, foi destacada pelos participantes a importância do fortalecimento e do aprimoramento das políticas públicas para a agricultura familiar como condição fundamental para o desenvolvimento do associativismo e do cooperativismo voltados à produção e à comercialização de produtos da sociobiodiversidade.
Rede de Pesquisa – Cadeias de valor globais sustentáveis
Fernando Preusser de Mattos, coordenador de desenvolvimento institucional do Terroá, apresentou na Conferência de Pesquisas sobre “Sustentabilidade em Cadeias de Valor Globais” o artigo científico “Integrando Normas Voluntárias de Sustentabilidade, Localizando Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: lições da cadeia de valor do açaí na Amazônia Brasileira”, desenvolvido em parceria com Luís Fernando Iozzi Beitum, Maria Luiza Benini, Renata Guerreiro e Eduardo Gonçalves Gresse, todos colaboradores do Instituto Terroá. O evento virtual integrou o programa do Fórum Anual sobre Globalização e Industrialização da UNIDO e foi realizado pela rede internacional de pesquisa “Research Network Sustainable Global Supply Chains”, uma iniciativa conjunta de quatro think tanks alemães (IfW Kiel, GIGA Hamburg, DIE-GDI e SWP) apoiada pelo Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ, sigla em alemão).
O artigo aborda as experiências da Amazonbai no processo de certificação de sua produção e apresenta o Sistema Integrado de Certificações (SIC), iniciativa do próprio instituto. “A organização, junto à cooperativa, organizou um conjunto de processos, documentações e ferramentas para alcançar um padrão unificado no cumprimento das certificações Orgânica, visando à comercialização para o Brasil, Estados Unidos e União Europeia, e FSC®, compreendendo requisitos de manejo florestal, cadeia de custódia e serviços ecossistêmicos, como carbono e fauna”, contou Fernando.
Ao disseminar os conhecimentos adquiridos a partir da parceria com a cooperativa, o Terroá busca contribuir com a integração de diferentes Normas Voluntárias de Sustentabilidade (NVS) aos processos para sua obtenção e manutenção por comunidades tradicionais amazônicas. As NVS proporcionam salvaguardas socioambientais de relevância não apenas para os territórios, mas de forma sistêmica para a cadeia de valor em crescimento, ainda que sejam mecanismos imperfeitos.
A participação em ambos os eventos integra uma estratégia institucional de engajamento nas principais discussões nacionais e internacionais sobre a temática do desenvolvimento sustentável, em um esforço de aprimoramento constante das ações realizadas em âmbito local por meio do intercâmbio de ideias com atores e instituições de relevância no Brasil e no mundo.
Quer conhecer mais sobre as publicações do Instituto Terroá?
Acesse: http://blog.institutoterroa.org/
Conheça a Amazonbai!